Terminou no último sábado, 20, a primeira fase da Série A da Suburbana, o campeonato de futebol amador de Curitiba. Nesta 11ª rodada, acompanhei para o site Do Rico ao Pobre, o mais completo portal de informações do futebol amador da capital, o jogo entre Santa Quitéria e Capão Raso. O Tricolor de Aço venceu fora de casa, por 1 a 0, com gol de Jhow Lippel. As duas equipes se classificaram entre as oito melhores. A partida foi um tanto quanto burocrática, mas refletiu o equilíbrio de toda a temporada. Do primeiro colocado, Vila Fanny, ao penúltimo, o Fortaleza, a diferença foi de apenas oito pontos. A régua de pontuação também subiu nesta temporada. O Novo Mundo, oitavo colocado, avançou com 15 pontos. Na última temporada, 13 pontos foram o suficiente. No rebaixamento, 12 pontos era considerado um número de segurança. Neste ano, o Fortaleza caiu com 12 pontos conquistados. A seguir, elenco os confrontos eliminatórios e apresento as principais informações das doze equipes que disputaram a temporada.

Confronto a confronto
O primeiro duelo das quartas-de-final acontece entre Vila Fanny e Novo Mundo. O Vila Fanny, o Gigante da BR, alcançou a liderança graças a uma sequência de três vitórias seguidas nas últimas três rodadas. É um dos elencos mais interessantes, com uma boa mescla entre experiência e juventude. Os destaques vão para o ponta-esquerda Luquinhas, remanescente do acesso em 2022, e para o atacante Marlon, artilheiro da equipe com 5 gols. O ataque tem 19 gols. A defesa, porém, gera alguma preocupação. O Fanny é o quarto time mais vazado, com 15 gols sofridos. Considerado um dos times postulantes ao título, o Fanny passou por turbulências. No ano passado, a equipe quase foi rebaixada em seu retorno à elite, se salvando por apenas um ponto, mesmo com um investimento alto. Neste ano, na oitava rodada, o clube estava com 11 pontos e sofreu uma goleada de 4 a 0 pro Iguaçu. O receio de ver a situação tensa do ano anterior se repetir fez a diretoria alvirrubra tentar um fato novo, e demitiu a comissão técnica liderada por Sérgio Jordão. Para seu lugar assumiu Altair Júnior. Contratado inicialmente para ser jogador, Altair não conseguiu atuar por questões físicas, e foi acionado para tentar recuperar o grupo. A aposta deu certo. Em três jogos, três vitórias.

Já o Novo Mundo vive uma temporada de transição. Campeão em 22, campeão da Taça Paraná, e vice-campeão em 23, o clube teve que lidar com uma debandada. Quem não arredou o pé foi o técnico Ivo Petry. Maior campeão do amador, usou toda sua experiência para montar um elenco enxuto e com muitas novidades, principalmente vindas de outras cidades. O nome mais conhecido do grupo é o do atacante Marcelo Tamandaré. Com carreira no profissional, tem um ótimo histórico na Suburbana. Neste ano, balançou as redes em duas oportunidades. É um time seguro defensivamente, mas não conquistou uma posição melhor na classificação por não conseguir fazer o setor ofensivo render como o esperado. Tem o segundo pior ataque, com 10 gols, ao lado de Vila Sandra e melhor apenas do que o lanterna Grêmio Palmeirinha.
O outro confronto do lado esquerdo do chaveamento é um duelo de tricolores. O Capão Raso encara o atual e maior campeão da Suburbana, o Trieste. Este é um duelo que aconteceu nas semifinais do ano passado, e o time triestino passou sem sustos. Neste ano, porém, o mando de campo se inverte. Falando primeiro do Tricolor de Aço, não dá para dizer que a equipe fez uma grande primeira fase, mas cresceu em momento oportuno, conquistando 10 pontos dos últimos 12 disputados. Desde o ano passado a expectativa sobre a equipe é grande. Os investimentos estão maiores, no time e na estrutura. A confiança na comissão técnica também está intacta, com o comando de Valmir Constantino. A equipe tem o melhor ataque ao lado do Fanny, com 19 gols. O que chama a atenção é que este total de gols foi marcado por 10 jogadores diferentes. Destaque especial para a trinca do meio de campo formada por Marcelo Andrade, Jhow Lippel e Wellington Baroni.

Do outro lado, o Trieste não foi nem sombra da equipe do ano passado. Em certo momento, parecia até que o Campeoníssimo iria brigar contra o rebaixamento. Mas o elenco é qualificado demais para isso e pontuou o suficiente para terminar entre os cinco melhores. Não perde há quatro jogos e possui a segunda melhor defesa, com apenas 9 gols sofridos. Sem dúvidas, o Trieste é um candidatíssimo ao título. Manteve boa parte do elenco campeão, bem como o técnico Ary Marques. Mas precisa recuperar o excelente futebol da última temporada, responsável pelo 14º título de Suburbana do Tricolor da Colônia Famosa, para bater de frente com o Capão Raso. O principal nome no ano é o meia Lucy. Importantíssimo pro título mesmo sendo mais suplente que titular, o jogador assumiu o protagonismo e está com 4 gols na Suburbana.
Do outro lado do chaveamento, teremos Iguaçu e Santa Quitéria. Esse confronto também aconteceu nas quartas de final do ano passado e o Quitéria levou a melhor. Mais uma vez, o Iguaçu veio com grande favoritismo por todo o investimento que foi feito. Nesta temporada, porém, o elenco à disposição do técnico Marquinhos Passaúna é muito mais qualificado. Entre os principais destaques do ano estão dois badalados reforços: o atacante Natan, autor de 4 gols, e o goleiro Vinicius. A defesa alvinegra é a melhor do campeonato, com apenas 8 gols sofridos em 11 jogos. O Galo de Santa Felicidade teve um início de temporada muito bom, mantendo a invencibilidade por oito rodadas. Contudo, caiu de produção e não venceu nas últimas três partidas (uma derrota diante do Novo Mundo e dois empates contra Fortaleza e Operário Pilarzinho).
Já o Santa Quitéria fez uma primeira fase mais instável. O time treinado pelo multicampeão Juninho não conseguiu vencer dois jogos consecutivos nesta temporada. O ponto forte da equipe é a experiência. Na linha defensiva conta com atletas campeões, como Douglas, Ricardo Ehle, Murilo e Victor Tilly, bem como no setor ofensivo, com Rodriguinho e Bitoca, meia que mais fez gols na última década no futebol amador de Curitiba.
Por fim, fechando os confrontos das quartas-de-final, o Operário Pilarzinho enfrenta o Combate Barreirinha. O Pilarzinho foi uma das equipes que mudou de comissão técnica para este ano e conseguiu desempenhar bem. Na casamata, Marquinhos Pateta assumiu o lugar deixado por Luisinho Netto. A estreia sem gols diante do Palmeirinha assustou, mas a equipe logo entrou nos eixos e lutou pela liderança até a última rodada. É um time equilibrado que costuma sofrer poucos gols. O principal nome no ano tem sido o atacante Thiaguinho, que fez gols em momentos importantes e é nome de confiança do treinador.
O Pilarzinho enfrenta um gigante que estava adormecido. O Combate Barreirinha retornou à elite do amador depois de muitos anos e conseguiu subverter as estatísticas recentes. Nas últimas 5 temporadas, 70% dos rebaixados foram equipes vindas da Série B. O Tricolor da Barreirinha, comandado por Marcos Kempinski, também enfrentou momentos de instabilidade, mas venceu jogos-chave em um momento extremamente decisivo. O Combate tem cinco vitórias no campeonato, sendo que quatro delas aconteceram da sétima rodada em diante. A equipe conta com o artilheiro do certame, o atacante Diego Benfica, que marcou 6 gols.
De férias
Vila Sandra e Nova Orleans ficaram de fora da briga e voltam a jogar competições oficiais apenas em 2025. O Vilão da Massa conseguiu o principal objetivo do ano, que era permanecer na elite. Com menos investimentos que em outros anos, o técnico Ewerton Glonek teve à disposição um time barato mas muito aguerrido, que teve bons momentos no campeonato, mas que também sofreu derrotas dolorosas, como a goleada na última rodada diante do Fanny, dentro de casa. O Nova Orleans também tinha como principal objetivo não cair, e a questão financeira também pesava para o clube. Pelo terceiro ano consecutivo a equipe brigou contra o rebaixamento e parecia que dessa vez o descenso era inevitável. Mais uma vez na última rodada, o Verdão da Zona Oeste conseguiu se livrar da queda.

Rebaixados
As duas equipes que caíram para a segunda divisão amadora foram o Fortaleza e o Grêmio Palmeirinha. O Fortaleza do Jardim Gabineto disputou neste ano sua terceira temporada consecutiva na Série A, feito inédito para o clube. A expectativa era grande no bairro. Muito acreditavam que este era o elenco mais forte dos últimos anos, mas isso não se refletiu em campo. O momento que pareceu ser decisivo para a queda foi a derrota no clássico contra o Vila Sandra na 9ª rodada. Com seis pontos em disputa, o time precisava de ao menos uma vitória ou dois empates, o que não aconteceu. O Forta foi rebaixado com a mesma pontuação do Nova Orleans, mas com uma vitória a menos. O outro rebaixado foi o Grêmio Palmeirinha, que disputou a elite pela segunda vez em sua história. Clube modesto, com o menor investimento da Série A, ainda conseguiu marcar dois pontos. Teve a pior defesa, com 20 gols sofridos. Por outro lado, em 5 jogos perdeu por apenas um gol de diferença, incluindo aí jogos contra poderosos, como o Trieste, Iguaçu e o Vila Fanny, além de ter empatado com Pilarzinho e Novo Mundo.
Juvenil
Relegado a um segundo plano por clubes, torcedores e até pela FPF, a categoria Juvenil da Suburbana tem uma atenção especial da cobertura do site Do Rico ao Pobre. É muito legal acompanhar a rapaziada nessa disputa e, anos mais tarde, vê-los competindo na categoria principal e, alguns, até mesmo no futebol profissional. Um exemplo desse descaso, na minha visão, está no regulamento, que obriga que o chaveamento da segunda fase siga o chaveamento do time principal. Uma gambiarra justificada por uma logística inexistente que coloca no lixo tudo o que foi feito pelas equipes na primeira fase. Assim, como já ocorreu em outras temporadas, teremos já no confronto de quartas de final um duelo digno de final: o Capão Raso, líder, enfrenta o Trieste, vice-líder. O Capão Raso é franco favorito ao bicampeonato. O clube não perde há 32 jogos. A última derrota foi no ano de 2022. Os outros confrontos são Pilarzinho (time do artilheiro Pablo Conci, autor de 15 gols) e Combate Barreirinha; Novo Mundo e Nova Orleans; e Iguaçu e Vila Sandra.
Crédito das imagens: Yuri Casari/Do Rico ao Pobre